Estou no vazio, no escuro. Ando às cegas, creio às cegas, de tanto crer acabo me ferindo.
Não é culpa das outras almas, as almas cheias, isso, cheias. Estão cheias de ira, cheias de soberba, prontas para expor você a humilhação e em segundo te fazer cair em suas graças outra vez. Não as culpo pelas feridas agora abertas que não se fecham, se acreditei foi por vontade própria, ou pelo menos é o que acho.
As palavras me somem. Me somem quando as busco para falar, para entender, para explicar, para pensar. As palavras me somem. Isso me desespera, uma vez que me baseio única e exclusivamente nas minhas palavras para definir meu estado de espírito a hipócritas desinteressados que me perguntam como tenho passado nem querer ouvir a verdadeira resposta. E sem palavras o interesse deles pelo que estou passando é maior, e não, isso não é bom. As palavras que deveriam sair de mim não as encontro, mas as que não deveriam invadir minhas fortalezas, essas vem em cavalos. As ouço duras e cruéis, são sanguinárias e mesmo que atravessadas ou sussurradas podem ser notadas, e o volume em que são proferidas não alteram seu impacto. Em seu tom cético me revira o estômago de dor, dor física, e sendo a dor física ele é fato, é lei.
Não é culpa de quem fala se me incomodo tando com baixos níveis, com subordinados da mentira, da calúnia.. Talvez se eu também ferisse com meu tom, minha língua e minhas palavras eu seria mais forte ou no mínimo essas coisas inúteis não me incomodariam. Não é só a meu respeito, sei que se sente assim também, e é por isso que te escrevo. Talvez fosse melhor se eu me tornasse fútil, talvez.. e é só nisso que penso, e aí o pensamento acaba, e então já não encontro mais as palavras.